Bacanal

Em ritmo de carnaval, nada melhor do que “Bacanal”, de Manuel Bandeira. Em 1919, o poeta brasileiro exaltava a festividade carnavalesca da seguinte forma:
Bacanais: festas em honra ao deus Baco na Roma Antiga.

Quero beber! Cantar asneiras
No esto brutal das bebedeiras
Que tudo emborca e faz em caco...
Evoé, Baco!

Lá se me parte a alma levada
No torvelim da mascarada,
A gargalhar em doudo assomo...
Evoé, Momo!

Lacem-na toda, multicores,
As serpentinas dos amores,
Cobras de lívidos venenos...
Evoé, Vênus!

Se perguntarem: Que mais queres,
Além de versos e mulheres?...
- Vinhos!... o vinho que é o meu fraco!...
Evoé, Baco!

O alfanje rútilo da lua,
Por degolar a nuca nua
Que me alucina e que eu não domo!...
Evoé, Momo!

A Lira etérea, a grande Lira!...
Por que eu extático desfira
Em seu louvor versos obscenos,
Evoé, Vênus!


Manuel Bandeira, in Carnaval (1919, edição do autor).