EXPOSIÇÃO VIRTUAL

RAINHAS DO CARNAVAL

APRESENTAÇÃO

O carnaval de Porto Alegre, do início do século XX, é marcado por disputas simbólicas e práticas acerca de a quem pertencia o carnaval, camadas populares ou elite. As Sociedades Carnavalescas Esmeralda e Venezianos, que no século XIX (1873) inauguraram um novo modelo de celebração do carnaval, com bailes a seus sócios e préstitos pelas ruas da cidade, haviam desaparecido. Em seu lugar outras formas de celebrar o deus Momo animavam os foliões: brincadeiras de rua, como o entrudo, confete e serpentina; bailes públicos e de máscara; e, até mesmo, o carnaval veneziano, executado, porém, por agremiações de cunho mais populares, como assinalava o jorna A Federação


"Cumprindo a triste faina de ‘não deixar morrer o carnaval’, algumas ‘sociedades’ estacionavam junto aos coretos na rua dos Andradas e, ao som da música, entregavam-se ao ‘maxixe desenfreado’, em requebros exagerados e obscenos, com grande escândalo do burguês honesto que não leva a família ao teatro para não apreciar tais cenas a troco de dinheiro.(...) E ao dissiparem-se os sons do último Zé Pereira que recolhia-se, acudiram-nos à mente os dias gloriosos da Esmeralda e dos Venezianos, em que o Carnaval de Porto Alegre primava pelo luxo, pelo gosto, pelo espírito e pela excelência do pessoal que tomava parte nos festejos!" (A Federação, Porto Alegre,28 de fevereiro de 1900).

Boa parte da imprensa da cidade apresentava um discurso de desagrado com o carnaval que estava a ocorrer. Declarações de que era uma festa cada vez mais plebeia, mais abjeta, altamente imoral e que se devia zelar pela moral pública eram constantes (O Independente, Porto Alegre, 09 de março de 1905). 
A fim de "regenerar" o carnaval, renasceriam Esmeralda e Venezianos. Nesta nova fase as mulheres tiveram um papel de destaque, especialmente as rainhas das sociedades carnavalescas, que se tornaram modelos de virtude e beleza.

Nesta exposição virtual - Rainhas do Carnaval - apresentamos as mulheres que ocuparam o título de soberanas do carnaval de Porto Alegre, no início do século XX, nas duas tradicionais sociedades carnavalescas, Esmeralda e Venezianos. 

Jovens senhoritas, filhas da elite política e militar da cidade, solteiras, entre doze e dezenove anos, exaltadas por sua beleza, graça, candura, fineza, instrução, modéstia e dotes morais, nenhuma outra mulher era mais aclamada do que elas no carnaval. Dedicavam-se bailes, tea concerts, exposições de seus retratos e outros vários eventos que pretendiam consagrar a soberana da agremiação. Por meio do carnaval se difundia o ideal de uma mulher que deveria ser: bonita, mas ingênua; culta, mas modesta; elegante e, sobretudo, moralizada. Eram como Marias a regenerar o carnaval! Vamos conhecê-las?!

GALERIAS



FICHA TÉCNICA

A exposição Rainhas do Carnaval apresenta algumas mulheres que figuraram como soberanas do carnaval de Porto Alegre no início do século XX, representando a Sociedade Carnavalesca Esmeralda e a Sociedade Carnavalesca Os Venezianos, a partir de fotografias publicadas em jornais (acervo do Museu de Comunicação Hipólito José da Costa e do Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho) e outras disponíveis no acervo do Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo -Fototeca Sioma Breitman. 

Referência: 
LEAL, Caroline. Festas carnavalescas da elite de Porto Alegre: Evas e Marias nas redes do poder (1906-1914). 2013. 246 f. Tese (Doutorado em História) − Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.

Para saber mais sobre a trajetória de vida de uma dessas rainhas, acesse: Biografia, Gênero e Carnaval: uma rainha nos festejos de Momo na Porto Alegre do início do século XX