O Primeiro Baile de Máscaras

cenas do carnaval império
Baile de máscaras no Teatro Lírico do Rio de janeiro, em desenho de Guerave (1883).

Nos próximos dias iremos postar uma crônica, publicada no jornal Mercantil, de março de 1878, de Porto Alegre, a respeito do primeiro baile de máscaras. 
Confere aí! 



PRÓLOGO
         Isto passou-se a bom par de anos, na época em que se introduziu pela primeira vez a máscara e o vestuário carnavalesco , em substituição ao  pavoroso brinquedo do entrudo.
         O povo do Rio de Janeiro esperava ansioso o grande dia. As comadres  afiavam a língua e alguns bonacheirões representantes do limão de cheiro  e dos potes de água derramados sobre a cabeça dos transeuntes, começaram pela boca pequena  de impropérios o poder competente que destronara o entrudo.
            - Ora, já se viu! Acabaram com uma coisa tão inocente para...
            - Boa havemos de ver, Sr. Silva, com a mania dos mascarados!
            - Que dúvida! Espere o Sr. que a polícia há de proibir ainda as máscaras como proibia os  limões!

            - É um abuso!
            - Um absurdo!
            -  Nem divertir-se pode a gente nessa malfadada terra!
            - Que tal! Disse-me o boticário que a respeito do nosso clubezinho noite também há tensões  no chefe de polícia!
            - Tinha que ver ! Oh! Tinha que ver!
            - É o que eu lhe digo!
            - Mas acabarem com os limões, homem!
            - E meterem máscaras! Quanta imoralidade agora, Sr. Nunes!
            - É o que quer mesmo o chefe de polícia! Há de colher bons resultados!
            - Cá a minha pequena, ou por outra, a minha família, palavra de honra , nem à janela chegará ! Estou lá para...!
            - Debaixo da máscara, imagine o meu amigo , o que não farão os pelintras!
            - Diabo! O que não farão eles!

            Um sino ao longe:  Boun, boun, boun, boun.
            Nunes, pegando a bengala. – Quatro horas. Até mais ver.
            SILVA. – Então, até!
            NUNES. – Até!
            E dirigiu-se à casa resmungando entre os dentes convulsivamente cerrados:
            - Para grande coisa serve a polícia. Ora? Nunca se viu! Tirarem os limões que não faziam mal a ninguém e introduzirem máscaras que... Vou prevenir a Gertrudes que ponha olho na menina!

            Quero emprestar ao episódio o tom de romance, garantindo ao mesmo tempo a veracidade dessa realíssima história. Dei agora para levantar cortinas e divulgar segredos . Não seja o leitor algum dos personagens da comédia  trágica que vai ler , e tudo será pelo melhor .
   Fonte:  Mercantil, 02 de março de 1878, p.1

Continua no próximo post. Não perca!


Para outras Cenas do Carnaval !


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