Baile de máscaras no Teatro Lírico do Rio de janeiro, em desenho de Guerave (1883).
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Confere aí!
PRÓLOGO
Isto
passou-se a bom par de anos, na época em que se introduziu pela primeira vez a
máscara e o vestuário carnavalesco , em substituição ao pavoroso brinquedo do entrudo.
O
povo do Rio de Janeiro esperava ansioso o grande dia. As comadres afiavam a língua e alguns bonacheirões
representantes do limão de cheiro e dos
potes de água derramados sobre a cabeça dos transeuntes, começaram pela boca
pequena de impropérios o poder
competente que destronara o entrudo.
-
Ora, já se viu! Acabaram com uma coisa tão inocente para...
-
Boa havemos de ver, Sr. Silva, com a mania dos mascarados!
-
Que dúvida! Espere o Sr. que a polícia há de proibir ainda as máscaras como
proibia os limões!
-
É um abuso!
-
Um absurdo!
- Nem divertir-se pode a gente nessa malfadada
terra!
-
Que tal! Disse-me o boticário que a respeito do nosso clubezinho noite também
há tensões no chefe de polícia!
-
Tinha que ver ! Oh! Tinha que ver!
-
É o que eu lhe digo!
-
Mas acabarem com os limões, homem!
-
E meterem máscaras! Quanta imoralidade agora, Sr. Nunes!
-
É o que quer mesmo o chefe de polícia! Há de colher bons resultados!
-
Cá a minha pequena, ou por outra, a minha família, palavra de honra , nem à
janela chegará ! Estou lá para...!
-
Debaixo da máscara, imagine o meu amigo , o que não farão os pelintras!
-
Diabo! O que não farão eles!
Um
sino ao longe: Boun, boun, boun, boun.
Nunes,
pegando a bengala. – Quatro horas. Até mais ver.
SILVA.
– Então, até!
NUNES.
– Até!
E
dirigiu-se à casa resmungando entre os dentes convulsivamente cerrados:
-
Para grande coisa serve a polícia. Ora? Nunca se viu! Tirarem os limões que não
faziam mal a ninguém e introduzirem máscaras que... Vou prevenir a Gertrudes
que ponha olho na menina!
Quero
emprestar ao episódio o tom de romance, garantindo ao mesmo tempo a veracidade
dessa realíssima história. Dei agora para levantar cortinas e divulgar segredos
. Não seja o leitor algum dos personagens da comédia trágica que vai ler , e tudo será pelo melhor
.
Fonte: Mercantil, 02 de março de 1878, p.1
Continua no próximo post. Não perca!
Para outras Cenas do Carnaval !
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