O texto inicia com uma reflexão sobre o papel simbólico do Carnaval: “É a alegria que chega, numa franca e álacre gargalhada atirando para longe as conveniências, rasgando a máscara da apocrisia”. A festa é apresentada como uma ruptura temporária com os códigos sociais, permitindo à população uma “explosão frenética de gozo” e momentos de “verdadeira expansão jocunda”.
A cidade de Porto Alegre é retratada como plenamente integrada ao espírito carnavalesco. As ruas se enchem de “uma multidão ávida de se divertir”, e o povo se aglomera diante das vitrinas que exibem os retratos das rainhas das sociedades carnavalescas, expressando “frases de entusiasmo e de partidarismo exaltado”. O texto destaca também o papel das sociedades organizadas — como os Venezianos, Esmeraldinos e Tenentes do Diabo — que desfilam em “préstitos sumptuosos, transbordantes de graça e de riqueza”.
Além da festa popular, o Carnaval também se manifesta nos salões sociais. O baile chino-japonês promovido pelo Clube do Comércio é descrito como um “legítimo e inesquecível triunfo”, onde senhoras trajadas à japonesa revelam “luxo e bom gosto surpreendentes”. A assimilação de elementos culturais estrangeiros é vista como uma qualidade da sociedade porto-alegrense, que se expressa na elegância das participantes.
A crônica encerra com votos de que aquele Carnaval seja “uma festa maravilhosa”, reafirmando o papel da celebração como momento de suspensão das dificuldades cotidianas e valorização da alegria compartilhada.
Esse registro jornalístico oferece não apenas uma descrição vívida da festa, mas também uma janela para compreender os valores, os desejos e as práticas sociais da época. Ao revisitar esse texto, podemos refletir sobre as permanências e transformações do Carnaval na cidade — e sobre o que essa festa continua a revelar sobre nós.