Helena
Cancela Cattani, Alessander Kerber (orientador)
Departamento de
História, UFRGS, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Comemoração do primeiro título, em 1971, da Acadêmicos da Orgia. No trompete, Joaquim Lucena Neto |
Introdução
O
campo de estudo relacionado ao carnaval de Porto Alegre está atualmente
centrado, em sua maioria, nas questões socio-atropológicas da festa ou
trabalhos sobre escolas e personalidades envolvidas. Análises de abordagem
histórica ainda são escassas. Em virtude disto, esta pesquisa se justifica na
intenção de somar-se aos trabalhos já realizados, a partir do viés histórico,
resgatar os desfiles carnavalescos de Porto Alegre em seu “período de ouro”, durante
o Regime Militar. Através do olhar de dois de seus mais memoráveis foliões:
Joaquim Lucena Neto, membro de uma das mais importantes famílias carnavalescas
da cidade; e Sérgio Renato Machado Bastos, ex-folião e jurado do carnaval,
considerado por muitos uma das enciclopédias vivas do carnaval gaúcho. Duas importantes
personalidades do carnaval da capital gaúcha que estiveram durante o período da
ditadura em posições políticas opostas, sendo Lucena um militar e Bastos filho
de presos políticos, porém que trabalharam pelo carnaval.
Metodologia
Apresenta-se
como fonte primária para esta pesquisa entrevistas a serem realizadas com os
dois envolvidos no projeto, Sérgio Bastos e Joaquim Lucena. Utilizando-se de conceitos
teóricos da história cultural, pretende-se empregar estes depoimentos como obtenção
de dados para o desenvolvimento da análise. Além destas entrevistas foram gentilmente
cedidos para pesquisa os arquivos carnavalescos da Associação das Entidades Carnavalescas
de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Com base na interpretação das fontes fazendo
uso dos conceitos de identidade e representação, pretende-se
analisar e contextualizar a atuação destes personagens, sob a problemática
sócio-política brasileira do período.
Resultados
(ou Resultados e Discussão)
A
base da história carnavalesca foi transmitida através da tradição oral,
geralmente pelos bambas do samba – figuras importantes para as comunidades
carnavalescas. A história dos principais personagens do samba acabam sendo a
própria história do carnaval, como por exemplo, “a história de Paulo da
Portela, confunde-se com o surgimento do próprio samba carioca. São vários os
depoimentos que o colocam como brilhante orador e grande liderança, um
verdadeiro professor, como era chamado e lembrado até hoje por vários sambistas”(DINIZ,
2006, p. 111). Então é muito comum ocorrerem versões contraditórias sobre um mesmo
fato ou passagem, pois estes bambas costumam privilegiar suas agremiações ou, popularmente
falando, “puxam a brasa pro seu assado”. Ao analisar a história de duas personalidades
do Carnaval de Porto Alegre é observado estas particularidades acerca de seus depoimentos
e considerados juntamente com fontes escritas da época.
Conclusão
Este
estudo tem como principal finalidade ampliar os estudos acerca de carnaval, especialmente
o de Porto Alegre, no âmbito universitário, hoje inseridos principalmente no campo
da Antropologia O estudo histórico do carnaval de Porto Alegre é uma área ainda
pouco explorada por historiadores, porém é necessário fazê-lo, especialmente
quando podemos dar voz aqueles que dedicaram toda sua vida para esta festa.
Referências
DINIZ,
André. Almanaque do Carnaval. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2006.
Artigo apresentado no X Salão de
Iniciação Científica – PUCRS, 2009.