Primeiro desfile público do Bloco da Laje no bairro Cidade Baixa, Porto Alegre, 2011. Foto Pedro Wollf |
Resumo: A presente dissertação possui uma dupla proposição. A primeira, trata da análise do processo de criação de quatro artistas cênicos negros que fazem parte de um bloco de carnaval de rua, na cidade de Porto Alegre, Brasil. A segunda, visa a formulação de uma epistemologia anti-hegemônica que dê conta das subjetividades dos sujeitos analisados. Parte-se do pressuposto de que o corpo negro na diáspora é atravessado pela simultaneidade de um estado de dor frente ao genocídio constante do projeto estrutural-racializante. Opõe-se a esse estado modos artísticos de resistir, com os quais os artistas estudados reinventam possibilidades de vida. Com efeito, surgem as seguintes questões: como, frente a essa realidade, se operacionalizam os modos de criação desses corpos na cena artística? É possível que as metodologias artísticas hegemônicas deem conta das complexidades enunciativas dos corpos em questão? Apresenta-se a noção de forjas pedagógicas como uma possível epistemologia reivindicadora que pensaria, sob novos ângulos, as experiências negras nos processos cênicos de criação. Discute-se o termo forja, assentado na mitologia yorubá, como desestabilização, como reinvenção e como campo de possibilidades. A pesquisa discorre sobre as possibilidades de elaboração de subjetividades e reinvenção de identidades que os artistas articulam na construção de suas narrativas na festa do carnaval. Em uma perspectiva decolonial, a dissertação visa a problematizar as áreas das artes cênicas, da educação e da filosofia a partir das relações étnico-raciais.