Vamos ao baile da Esmeralda?

Nossa história de hoje será contada a partir de um item que faz parte do acervo da Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul: um convite/ingresso para o baile da Esmeralda. Pioneira no carnaval veneziano de Porto Alegre, há 110 anos a Sociedade Carnavalesca Esmeralda convidava seus associados para participar do baile de gala, a ser realizado no Clube Júlio de Castilhos, no dia 24 de fevereiro de 1912. Ao longo dos "meses carnavalescos", as agremiações realizavam diversas festividades e também muitos bailes, mas o de gala era o principal e encerraria os festejos carnavalescos daquele ano.

Formando uma espécie de livreto, o convite era composto por 6 páginas. A parte externa, em verde, na cor da Esmeralda, trazia na parte frontal a inscrição "BAILE DE GALA", com a data do evento, e era adornado com a reprodução de uma pequena paleta de pintura, com dois pincéis, sobrepostos pelo retrato da rainha, Picuchinha Amorin. 

Na parte interna, o convite apresentava o nome da agremiação, com destaque para seu tempo de existência. Fundada em 1 de março de 1873, primeiro sábado após a quarta-feira de cinzas, a S. C. Esmeralda fez seu primeiro carnaval no ano seguinte. Encerrando suas atividades ainda no século XIX, retomou os festejos somente em 1906.

Vale destacar que nessa nova fase as mulheres tiveram um atuante papel na organização dos festejos, podendo ser observado no convite o nome daquelas (e daqueles) que compunham comissão diretora do baile de gala.

Antes de se dirigir ao Clube Júlio de Castilhos - "que havia sido transformado em um palácio de reino encantado" -, a Esmeralda organizou "um belíssimo corso", saindo da casa de sua soberana até o salão onde ocorreria o baile. Acompanhada de um grande séquito, a rainha chegou por volta das 10 1/2 horas da noite, sendo "recebida por entre entusiásticas aclamações"(A Federação, Porto Alegre, 27 de fevereiro de 1912, p.4).

As danças iniciaram com uma polanaise, como podemos verificar no programa do baile, situado na parte central do convite. Muito difundida nas festas de carnaval, a polanaise, de origem polonesa, foi introduzida na corte francesa do século XVII. No Rio Grande do Sul, nas regiões de colonização alemã e italiana, até hoje continua sendo a dança solene de abertura de bailes.  A documentação ainda nos dá acesso às outras danças de salão apreciadas pela elite porto-alegrense do início do seculo XX: dividido em dois tempos, o baile tinha vários momentos de valsa, polka, pas de quatre, quadrilha e mazurka. Adotando contribuições francesas, austríacas, italianas, alemãs, elas afastavam-se da influência lusitana, como o minueto e o fandango. E assim, ao bailar de um galope, a Esmeralda finalizava o carnaval de 1912.


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