Leonel Brizola: da campanha da legalidade à avenida
Outro gaúcho que ganhou enredo no samba carioca foi Leonel Brizola (1922 – 2004), o político nascido em Carazinho que comandou dois dos maiores estados do país.
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Brizola (de branco) ao lado de Darcy Ribeiro, em visita ao CIEP localizado no sambódromo da Sapucaí, construído por eles.
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Em 2009, a Inocentes de Belford Roxo levou à Sapucaí o enredo “Do Rio Grande do Sul ao Rio de Janeiro a Inocentes Canta: Brizola, a Voz do Povo Brasileiro”, na Série A (atual Série Ouro). O desfile era um panorama da trajetória do político: do exílio à campanha da legalidade, do trabalhismo ao projeto educacional (CIEP’s) e brigas com a imprensa com a construção do sambódromo da Sapucaí.
Lutando por seus ideais
Mostrando o seu valor
Na vida pública se consagrou
Do Sul para o Rio de Janeiro
Brizola, a voz do povo brasileiro
(Billy County, Ediespuma, Abilio Mestre-Sala, Licinho Jr., Marcelinho Santos e Alex Bahia – 2009)
O samba foi um dos destaques do ano, conquistando o Estandarte de Ouro do Grupo de Acesso. Forte, melodioso, guiado pela voz do inesquecível Dominguinhos do Estácio (1941 – 2021), que dava ao enredo o tom exato entre respeito e crítica. Foi uma leitura popular de uma figura que, para muitos, era vista como ícone da luta por justiça social.
Barão de Mauá na Cubango: Industria e empreendedorismo no samba
O Barão de Mauá, ou Irineu Evangelista de Sousa (1813 – 1889), nasceu em Arroio Grande, no sul do RS, e virou uma das figuras mais ricas e influentes do Brasil imperial.
Em 2012, a Acadêmicos do Cubango decidiu contar sua trajetória no enredo “Barão de Mauá — Sonho de um Brasil moderno”. Um desfile que misturava locomotivas, bancos, navios e visões de progresso.
Novos tempos
O império em transformação
Um nome surgia então
Renovando as esperanças
O sonho da modernidade
Seguiu Irineu em viagem
No Rio a cidade, seu grande destino
E descobriu valores
(Beto Gama, Belo, Regina Angélica, Emerson e Totonho – 2012)
Era um tema difícil — como transformar capitalismo e empreendedorismo em carnaval? Cubango falou sobre Mauá, empresário que queria modernizar o país, mesmo sendo sabotado pelas elites do império. O desfile não teve tantos holofotes, mas foi um belo trabalho de pesquisa e criatividade.
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A Cubango apostou na figura do Barão de Mauá, um empreendedor visionário. Crédito da foto: site Iconografia da História.
Grande Rio 1998: Prestes e o Cavalheiro da Esperança em marcha na SapucaíEm 1998, a Acadêmicos do Grande Rio surpreendeu ao levar à Sapucaí o enredo “Prestes, o Cavaleiro da Esperança”, celebrando os 100 anos de nascimento do gaúcho Luiz Carlos Prestes (1898 – 1990), figura importante da política brasileira no século XX. Desperta, nasceu Cem anos nos pampas, que herança Coração vermelho a palpitar Cavaleiro da Esperança (João Carlos, Carlinhos Fiscal e Quaresma – 1998)
O desfile fez uma leitura épica e politizada da trajetória do líder comunista, destacando sua luta por justiça e coragem. Com samba de versos fortes e clima denso, a escola de Duque de Caxias apostou em um tema ousado para afirmar sua identidade.  | Prestes, nascido em Porto Alegre, foi militar, senador e líder da Coluna que denunciou desigualdades pelo país. Crédito: Memorial Luiz Carlos Prestes. | A escolha dividiu opiniões, mas marcou época. Ao homenageá-lo, a Grande Rio fez mais que um tributo: fez um ato político. E cravou a história gaúcha no asfalto carioca.
Continua na próxima postagem! Não perde 😉 |