Negrinho do Pastoreio na Tupy: o folclore de fé desfilando em versos
No carnaval de 1981, a Tupy de Brás de Pina, uma escola da Zona Norte do Rio (infelizmente já extinta), resolveu apostar em um enredo que carregava uma das mais conhecidas lendas do folclore sulista: “Negrinho do Pastoreio”.
Através de nossa históriaNa imensidão dos PampasRodas formadasDe muito peõesNuma estânciaSituada nos sertões(Ariel Matias, Walter Gaguinho e Luiz Reza Forte – 1981)
A história do menino escravizado que se torna entidade espiritual emocionou o público. Escrita por Simões Lopes Neto, a lenda ganhou vida no asfalto do Rio em 1981. Crédito: Turma do Folclore. |
A saudosa Tupy de Brás de Pina na Sapucaí no carnaval de 1989. Crédito: André Wanderley. |
Salamanca do Jarau no Império do Marangá: o mistério dos pampas em fantasia
Pouca gente lembra, mas em 1978, a Império do Marangá, escola localizada na Praça Seca, ousou ao apresentar o enredo “Salamanca do Jarau”.
Casal de mestre-sala e porta-bandeira do Marangá em desfile no carnaval de 1980. |
Inspirada em uma das mais misteriosas lendas do folclore gaúcho, a saudosa escola explorou o universo fantástico da Teiniaguá — a criatura encantada que vive numa caverna em Quaraí, no Cerro do Jarau.
Marangá orgulhoso apresentaSalamanca do JarauLenda de mistério e magiaDe amor e fantasiaNeste carnavalVindo de terra distanteDo Rio Grande do Sul(Batista, Didi e Adilson – 1978)
O enredo do Marangá levou à avenida uma lenda do Sul repleta de simbolismo: um sacristão apaixonado, uma princesa moura que vira lagartixa, pedras preciosas e tesouros ocultos. Pouco se sabe sobre o visual do desfile, mas a escolha ousada de uma escola do subúrbio carioca por um tema tão específico da mitologia meridional já revela a força do samba como espaço de brasilidade profunda.
Uma das histórias clássicas do folclore gaúcho foi levada à avenida pela saudosa Império do Marangá. |